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Por que professor

Texto produzido em março/2012.

Muitas vezes em minha vida, deparei-me com as seguintes questões:

"Com tanto potencial e se tornou professor?"

"Professor de Matemática? Logo de Matemática?"

"Você quer ser odiado pelos alunos?"

"Decidiu sofrer na vida?"

Entre essas e outras questões totalmente desmotivadoras, continuei meu "caminho das pedras" e percebi que a maior dificuldade de um professor de Matemática é lutar contra um pensamento coletivo que chega à sala de aula antes mesmo dele começar a ensinar qualquer coisa! Como pode?

Bem, vamos lá: várias gerações de professores dessa "ingrata" disciplina vieram ensinando-a usando a mesma metodologia aplicada em História, Ciências e Geografia, dentre outras, cujo conteúdo é cumulativo, mas não necessariamente existem pré-requisitos para aprender uma parte qualquer. Ou seja, um dia antes de uma avaliação, se o aluno decorar o que vai cair, apesar de não ter aprendido, ele "acaba acertando" as questões e consegue a aprovação.

Em Matemática, ISSO NÃO FUNCIONA! O conhecimento é cumulativo como as outras, mas para aprender o conteúdo de um ano, é necessário realmente saber o conteúdo do ano anterior, ou seja, é cheia de pré-requisitos. O aluno que "acabou passando" no ano anterior vai precisar, no seguinte, daquilo que não aprendeu de verdade; ou seja, vai ter que aprender o ano anterior para entender o ano corrente. Os conteúdos vão se acumulando e, é claro, o aprendizado vai dificultando cada vez mais, pois não há tempo hábil para o cérebro se acostumar com tanta coisa.

É claro que eu não responsabilizo apenas os alunos por esse dilema educacional. Infelizmente, muitos colegas hoje em dia ainda aplicam a aula com técnicas antiquadas, obsoletas, sem significado nenhum, sem explicar o fundamento desta ou daquela forma de resolução, o porquê de cada situação colocada na frente do aluno. Por exemplo, você saberia dizer por que todo número elevado a zero é igual a 1? Não vale dizer "porque a professora disse que é" (esta é a resposta clássica de um aluno que faz a conta sem saber o que está fazendo).

Enfim, por tudo o que eu vejo dentro do colegiado de matemática e, obviamente, não admiro, tento fazer diferente. Procuro, no mínimo, explicar o porquê de todo número elevado a zero ser igual a 1, por exemplo. Você sabia que o zero elevado a zero não é igual a 1? Pois é, muitos não sabem disso.

Sei que não é uma tarefa fácil tirar o ódio de alunos à matemática, mas nesses oito anos, consegui progressos. Meus primeiros passos foram guiados por um texto que li no meu primeiro ano de faculdade de Pedagogia, o qual quero compartilhar com vocês:





FAZER A DIFERENÇA

Um famoso escritor se refugiou numa ilha de pescadores na intenção de escrever um livro. Todas as manhãs, ele caminhava pela praia para relaxar e buscar a inspiração e ao entardecer começava a escrever.
Numa certa manhã, algo lhe chamou a atenção. Um vulto ao longe parecia bailar e, curioso, ele se aproximou para ver de perto.
Chegando bem perto, ele viu um menino devolvendo as estrelas-do-mar de volta para a água.
Esta cena se repetiu por vários dias, até que um dia, intrigado, ele se aproximou da criança e lhe perguntou por que todos os dias ele as devolvia para o mar.
O menino lhe respondeu que ele estava salvando as estrelas-do-mar, devolvendo-as ao oceano, pois o sol do meio-dia as destruiria.
O escritor riu, com um ar de descaso, e disse-lhe:
"Menino, veja só esta praia! Que diferença isso pode fazer? Nela, há milhares de estrelas-do-mar, e agora, no mundo todo, há milhares de milhares que você não conseguirá salvar".
A criança olhando para a estrela que ainda estava em sua mão, respondeu:
"Moço, para esta aqui eu fiz a diferença".
Com esta resposta, o escritor voltou para sua casa e não conseguiu mais escrever nesse dia. Tampouco conseguiu dormir quando a noite chegou. Logo pela manhã, ele voltou à praia e, junto com a criança, devolveu várias estrelas para o mar...
E você, quer fazer a diferença?


Devo agradecer muito, MAS MUITO MESMO, à Professora Virginia Pires da Silva, que no último dia de aula, na Avaliação Oficial de Didática I no Centro Universitário Monte Serrat (UNIMONTE/2003), colocou este texto para nós. Realmente, esse texto fez uma diferença enorme para mim, repassei-o a vários colegas e alunos e posso dizer que fiz a diferença em, pelo menos, uma parte dos meus alunos. Sucesso em cem por cento é utópico, mas graças a este texto, eu decidi perseguir essa utopia. Enquanto forem meus alunos, eu tento!

E você, quer tentar gostar da matemática também?

Fonte do texto: http://www.deusunico.com/paginas/parabolas/fazeradiferenca.htm